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A contabilidade tem de ser como um jornal: ter informação precisa, confiável e acessível
19 September 2025
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Conferência «Desafios e Oportunidades» decorreu na Figueira da Foz, a 18 de setembro


Depois da Benedita, Bragança, Amarante e Loulé, o ciclo de conferências «Desafios e oportunidades: as empresas e os contabilistas como parceiros estratégicos» passou, na tarde de 18 de setembro, pelo auditório Incubadora de Mar e Indústria, na Figueira da Foz.  Na sessão de abertura da conferência, organizada em conjunto pela Ordem e a Associação Comercial e Industrial da Figueira da Foz (ACIFF), Vitória Abreu defendeu que «os contabilistas são os profissionais melhor avalizados para aconselhar e apoiar os empresários, por estarem munidos de conhecimento e ferramentas para tomar as melhores decisões.»

A presidente da ACIFF fez ainda um rápido retrato do concelho do distrito de Coimbra em termos empresariais, onde as micro e pequenas empresas dominam, constituindo, respetivamente, 96 e 3 por cento do tecido empresarial. Nas palavras de boas-vindas, Paula Franco congratulou-se pela iniciativa conjunta entre empresários e contabilistas, tendo referido que «conferências desta natureza deviam ser feitas todos os dias», até porque, acrescentou, «temos muito a crescer, juntos.» Dirigindo muitas notas e mensagens de grande alcance e com múltiplos destinatários, a bastonária referiu que as empresas se confrontam com «desafios enormes», que vão desde normas, regras e obrigações várias.

«As empresas é que geram riqueza e não o Estado. Por isso, devem ter oportunidade e capacidade para crescer», disse, debruçando-se, seguidamente, sobre o papel dos contabilistas certificados. «Os profissionais devem estar mais disponíveis para as empresas, mas estão assoberbados com prazos, obrigações e exigências, muitas delas repetidas. Tudo isto tira tempo ao que é essencial: a informação para a gestão», sustentou. Sem se deter, a responsável máxima da Ordem apelou a que se siga rumo «a um caminho para a simplificação», argumentando que «os excessos da burocracia não nos levam a lado nenhum, só tiram produtividade e capacidade de pensar melhor e uma dedicação plena aos negócios.»

Planear para cuidar do negócio

O primeiro painel da conferência foi subordinado ao tema «Impactos da Fiscalidade no Setor Empresarial» e a moderação esteve a cargo de José Carvalho, um profissional com 86 anos. O contabilista certificado Pedro Lima, não escondeu a sua preocupação pelo facto de, dados relativos a 2023, indicarem que 31 por das empresas do distrito de Coimbra apresentavam resultados negativos. Defendendo uma «maior comunicação entre empresários e contabilistas certificados», o conhecido formador da OCC declarou que «as escolhas fiscais podem mudar o rumo das empresas», mas comportam desafios como «a complexidade e a instabilidade» ou «a carga tributária sobre as empresas e o trabalho, que continua a ser exagerada.» Para rematar, uma frase direitinha para os empresários presentes: «planear com o seu contabilista certificado é cuidar do futuro do seu negócio.»

Fernando Girão debruçou-se sobre a panóplia de impostos que impactam as empresas, nomeadamente o IRC que tributa o seu lucro, e enunciou alguns fatores que influenciam a tributação empresarial, nomeadamente ao nível do compliance.  «Um contabilista certificado preocupado com a poupança fiscal do seu cliente é alguém diligente e preocupado em maximizar os ganhos fiscais do empresário. Ou seja, é caso para dizer, ter um contabilista “chato” é uma sorte para este empresário», defendeu o consultor da OCC.

Girão abordou ainda o planeamento fiscal, nomeadamente no que diz respeito às vantagens decorrentes dos benefícios fiscais, em contraponto com o desperdício fiscal, tendo apresentado exemplos concretos de situações que podem ser evitadas em resultado de «procedimentos proativos» dos contabilistas certificados.

A semelhança entre a contabilidade e um jornal

«O valor estratégico da contabilidade para as empresas» foi o tema do painel que deu a voz aos empresários, e a forma como estes se relacionam com os contabilistas certificados, sob a dinâmica e vibrante moderação de José Nogueira Santos, presidente do conselho fiscal da ACIFF.  Gonçalo Tomé, CEO da Plasfil – Plasticos da Figueira defendeu que a «contabilidade pode ser um fator de competitividade». O empresário recuou no tempo, repescando uma frase atribuída ao primeiro bastonário e fundador da OCC, António Domingues de Azevedo: «A contabilidade tem de ser como um jornal: um veículo de informação precisa, confiável, clara e acessível, como instrumento de apoio à gestão.»

Por seu turno, Hugo Serra, da Piclima - Projectos e Instalações de Climatização, mostrou-se partidário de um «casamento entre empresário e contabilista».  «Para ter acesso, por exemplo, a fundos comunitários, a contabilidade é importantíssima e resulta em benefícios para a empresa. Tenho contabilidade interna na minha empresa há muitos anos com três profissionais qualificados. Esta coabitação é uma inegável mais-valia», argumentou.

Da parte de Fernando Matos, CEO do Casino da Figueira, «a contabilidade é uma atividade fundamental para a produção de informação qualificada», nomeadamente na construção de orçamentos e projeção do futuro. Para o dirigente da conhecida casa de jogo da cidade balnear, «os empresários devem ter o mínimo de formação nesta área, possibilitando-lhes que saibam ler os números que lhes são apresentados.»

Jorge Carmaneiro, gerente da FigueiraFish – Produção e comércio de peixe, afirmou que «o contabilista é o guardião do bom nome e de alguma segurança e tranquilidade do empresário.» O empresário reiterou a importância do papel da contabilidade na «credibilização do acesso a entidades financiadoras, como os bancos ou fundos comunitários» e inclusive em situações mais desagradáveis que qualquer empresa não está a salvo: «Podemos estar falidos, mas mesmo nesse cenário precisamos de ter a noção da dimensão da falência para tomarmos medidas.»

«Se a informação não for atempada, não serve para nada»

Mesmo pressionada pelo relógio para regressar a Lisboa para estar presente num compromisso de agenda, a bastonária fez questão de estar presente no encerramento da conferência. Aproveitando muitas das deixas partilhadas pelos empresários, Paula Franco insistiu que as múltiplas obrigações que recaem sobre os profissionais obstaculizam que o trabalho seja feito de forma tempestiva: «Os contabilistas têm de apresentar informação atempada e neste momento é coisa que não estão a fazer. Sejamos claros: se não for atempada, não serve para nada». As derradeiras palavras pertenceram à anfitriã, Vítória Abreu que se congratulou com o êxito da parceria entre a OCC e a ACIFF, tendo referido que «precisamos de continuar a envolver todos os agentes, em particular os políticos.» Ficou lançado o repto. Quem sabe para a próxima conferência deste ciclo.

A quinta conferência do ciclo «Desafios e Oportunidades» registou cerca de uma centena de participantes, incluindo empresários e contabilistas certificados, para além de todo o conselho diretivo da Ordem e de elementos dos órgãos sociais da OCC.

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