Dizem os censos de 2021 que o distrito de Portalegre é o menos populoso do país, com cerca de 105 mil habitantes. Na década de 50 do século passado, a mesma região albergava cerca de 200 mil habitantes, tendo perdido praticamente metade da população. Esta realidade dura e crua que os números revelam tem consequências pesadas em todo o tecido económico e social.

Por terras onde o isolamento ganha terreno, o inverno demográfico se acentua e o tecido económico definha, é motivo extra de celebração assinalar, pelo menos, 25 anos de inscrição e de ligação a uma Ordem e a uma profissão. Porque, se vale a pena comemorar a vida, valerá também aqui assinalar a resiliência e a perseverança.

Foi tudo isso (e muito mais) que, no final da tarde de 22 de maio, já em plenas comemorações festivas locais, que este ano assinalam os 475 anos da elevação de Portalegre a cidade, se pretendeu destacar na cerimónia de entrega de medalhas que, na capital do Alto Alentejo, juntou 44 contabilistas certificados que completaram, no mínimo, 25 anos de inscrição na Ordem.

Na sua nota de boas-vindas, com a representação permanente da Ordem repleta, Paula Franco fez questão de realçar a importância e o simbolismo da cerimónia, ao mesmo tempo que aproveitou a ocasião para reforçar a ideia de que «a nossa profissão é das mais importantes na sociedade e a mais importante na área das Ciências Económicas, contribuindo decisivamente para os resultados do país.»

Recuperando uma ideia que tem defendido em diversos fóruns, a bastonária defendeu que «o contabilista certificado tem o privilégio de escrever todos os dias a história das empresas e isso tem que ser valorizado. Somos uma profissão com muito mérito e cada vez mais importante.»

Com a plateia atenta e a sala repleta, a bastonária vincou ainda a ideia de que o percurso de, pelo menos um quarto de século, foi proveitoso: «Espero que, no final desta cerimónia, saiam daqui com o pensamento reforçado de que valeu a pena este caminho, valeram a pena estes 25 anos de profissão.»

Ou seja, e em antítese ao que diziam os últimos versos de José Régio, figura grata da cidade de Portalegre e da literatura portuguesa, no seu imortal «Cântico negro», («Não sei por onde vou/Não sei para onde vou/— Sei que não vou por aí!», pode dizer-se que este conjunto de contabilistas certificados soube por onde ir e quis vir por aqui.

Após a cerimónia, como é hábito, realizou-se um jantar organizado pelos representantes eleitos pelo círculo eleitoral de Portalegre, que reuniu membros de todo o distrito.

Faro (2 de junho) e Beja (3 de junho) são as próximas duas capitais de distrito a receber as cerimónias de entrega de medalhas.